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Tatiane Begnossi

Possivelmente seu pet shop dá lucro, mas onde ele foi parar?

Escrito por Tatiane Begnossi

21 MAI 2025 - 09H00

Depois de centenas de aulas, mentorias e conversas com donos e donas de pet shop de todo o Brasil, percebi um padrão interessante, ou preocupante. Muitos negócios já operam com lucro (muitas vezes sem saber, o faturamento é bom, tem clientes fiéis. Mas a pergunta continua ecoando: “Por que nunca sobra dinheiro?”.

Em muitos casos, são empreendedores com mais de 15 anos de mercado que ainda dizem não ter pró-labore. Mas, ao analisarmos de perto, descobrimos algo curioso: pagam contas pessoais que somam mais de R$ 10 mil por mês — direto do caixa da empresa.

O problema, então, não está na rentabilidade do negócio e nem na sua retirada mensal. O problema está na gestão financeira do empreendedor ou empreendedora!

Vamos aos três pontos que todo gestor de pet shop precisa olhar com lupa se quiser ver o dinheiro de verdade:

1. Seu negócio é lucrativo de fato?

Não confunda falta de dinheiro no banco com falta de lucro. São coisas diferentes.

Para saber se sua empresa é rentável, você precisa elaborar a DRE — Demonstração do Resultado do Exercício — no regime de competência. Isso significa que você vai considerar tudo que foi faturado e todas as despesas e custos que pertencem ao mês, independentemente de quando o dinheiro entrou ou saiu do caixa. Ao final desta análise você vai saber qual seu resultado líquido.

Um exemplo real que acompanhei recentemente: o pet shop faturava R$ 80 mil por mês e apresentava um lucro líquido de R$ 15 mil. Mesmo assim, os donos tinham certeza de que estavam no prejuízo.

A DRE serve justamente para isso: mostrar se o seu negócio é lucrativo ou está operando no prejuízo e só a partir daí é que você vai conseguir começar a busca: cadê o dinheiro que deveria ter sobrado aqui?

2. Você paga seus boletos com tranquilidade?

Se a DRE mostra o lucro, é o fluxo de caixa que revela a saúde financeira no dia a dia. E é aqui que mora boa parte do problema.

No caso que mencionei, os R$ 15 mil de lucro estavam todos imobilizados no estoque. Com 6 meses de produtos encalhados nas prateleiras, o dinheiro simplesmente sumiu da conta bancária — embora estivesse ali, parado, em forma de mercadoria.

Esse é um erro comum: o empreendedor se ilude com descontos por quantidade, aumenta o estoque, mas depois precisa recorrer a empréstimos, antecipações de recebíveis, perde produtos por vencimento e ainda dá descontos para tentar girar o que comprou demais.

Resultado? Lucro existe, mas não se transforma em caixa (dinheiro disponível).

E a regra de ouro do fluxo de caixa continua sendo ignorada: prazo médio de recebimento tem que ser maior do que o prazo médio de pagamento. Ou seja: receba antes de pagar.

3. Você separa suas finanças das finanças da empresa?

Esse é o golpe final no caixa de muitos pet shops: usar o dinheiro da empresa para pagar contas pessoais. Não tem problema a empresa pagar suas contas, mas isso tem que ser feito em forma de pró-labore fixo. E aí depois, da sua conta pessoal, você vai seus boletos pessoas.

Eu tive uma aluna que reclamava demais que não recebia nada do pet, que estava trabalhando há 20 anos e nunca tinha visto a cor do dinheiro. Quando paramos para analisar todos os gastos, ela ficou em choque: somando as contas pessoais que ela pagava pela empresa, estava dando R$ 18 mil! Ela tinha um pró-labore excelente e viveu 20 anos com a sensação de que o negócio ia mal, que ela trabalhava, mas não tinha salário e no final, estava perdendo toda sua saúde mental e totalmente sem controle de suas despesas financeiras pessoais. É um desperdício dupla de energia e recursos!

A solução? Defina um pró-labore fixo, ainda que simbólico no início, e mantenha uma disciplina rígida. Empresa é empresa. Pessoa física é pessoa física. Misturar os dois é o caminho mais curto para perder o controle financeiro — e a confiança no próprio negócio.

Conclusão: o dinheiro não sumiu. Você só não está olhando nos lugares certos.

O lucro pode estar escondido no estoque, diluído nas contas pessoais ou evaporando por falta de controle. Mas ele está lá. Com organização, clareza nos números e atitudes firmes, o dinheiro não só aparece — como trabalha a seu favor.

Tatiane Begnossi - Fundadora Degrau Escola de Negócios

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