A importância da diferenciação do comportamento animal entre cães e gatos

Embora convivam cada vez mais sob o mesmo teto, cães e gatos são espécies com histórias evolutivas e comportamentais bastante distintas — diferenças essas que influenciam diretamente a forma como devem ser tratados e manejados no ambiente clínico veterinário. Da socialização às reações ao estresse, entender essas nuances é fundamental para oferecer um atendimento mais humano, eficaz e respeitoso com o bem-estar animal.

Os cães foram domesticados há cerca de 15 mil anos, a partir do lobo-cinzento, um animal social e cooperativo. Desde então, passaram por uma seleção intensa que favoreceu as espécies mais afeitas à convivência humana. Já os gatos mantêm uma linhagem mais recente de domesticação, com origens no gato selvagem africano (Felis lybica), caçador solitário e territorial.

Essa diferença evolutiva é de extrema importância para entender por que os cães, em geral, são mais propensos a formar laços afetivos com humanos e a aceitar manipulações físicas, por exemplo. Enquanto que os gatos mantêm um comportamento mais reservado, reativo e voltado à autopreservação.

Socialização e vínculo: ritmos distintos de aproximação

No contexto da prática veterinária, essas características se traduzem em realidades muito distintas. Os cães tendem a se mostrar mais abertos à interação, ainda que estressados, e muitas vezes encontram segurança na presença de seus tutores. Por outro lado, os gatos, ainda que afetivos no ambiente doméstico, costumam sofrer intensamente em situações de deslocamento, manipulação forçada e ruído.

As respostas ao estresse também diferem entre as espécies. Cães frequentemente vocalizam, tremem ou tentam fugir. Já os gatos podem adotar comportamentos menos óbvios, como imobilidade, ofegância, dilatação pupilar ou mesmo agressividade súbita.

Esses sinais, muitas vezes sutis, exigem atenção redobrada da equipe veterinária. Nem sempre o desconforto de um gato é evidente. A imobilidade, por exemplo, pode ser interpretada como calmaria, quando na verdade é uma reação intensa de medo.

Alimentação e saúde: riscos silenciosos nos hábitos felinos

A alimentação é outro ponto de divergência marcante. Cães, como onívoros, são mais flexíveis em suas dietas e costumam manter o apetite mesmo em ambientes estressantes. Já os gatos são carnívoros estritos e extremamente seletivos — qualquer mudança no ambiente ou na rotina pode levá-los à inapetência.

Na prática clínica, as abordagens precisam ser personalizadas. Para cães, o reforço positivo, a presença do tutor e o uso de brinquedos ou petiscos podem ajudar a aliviar a tensão. Para gatos, o ideal é um protocolo baseado em baixa manipulação, consulta em horários tranquilos e, quando necessário, medicação ansiolítica prévia.

A medicina veterinária contemporânea, cada vez mais voltada ao bem-estar animal, tem se empenhado em adaptar ambientes e técnicas ao comportamento natural das espécies. Iniciativas como a “medicina amigável ao gato” (cat friendly practice) e clínicas exclusivas para felinos são reflexo dessa tendência.

A importância do estudo comportamental na medicina veterinária

O debate da diferença entre cães e gatos é um dos principais tópicos para os profissionais comportamentais, que buscam cada vez mais oferecer um atendimento adequado às espécies, assim como orientação aos tutores e outros profissionais que manipulam esses animais.

Uma excelente oportunidade para atualizar os debates sobre o universo felino, canino e exóticos é o Pet Comportamento, que irá abordar temas como: desafios de convivência, tendências de mercado, profissionalização, luto e finitude, otimização ambiental, castração, dor e suas relações, disfunção cognitiva e atendimento comportamental.

Realizado em São Paulo, de 13 a 15 de agosto, o evento acontece durante a PET South America, maior evento voltado ao mercado pet da América Latina, com patrocínio da Serenex, produto voltado para estimular o comportamento natural e melhorar a convivência dos animais.

"Estamos muito felizes em patrocinar o Pet Comportamento 2025 por mais um ano, pois acreditamos na importância de promover o bem-estar e o conhecimento na área do comportamento animal. Este espaço é fundamental para nos aproximarmos de profissionais do segmento, trocando experiências que podem transformar a forma como avançamos na área." Katia Miagava, gerente nacional da Serenex.

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