A aposta de redes de supermercados no mercado pet vem ganhando fôlego. A demanda aquecida por produtos destinados a animais de estimação faz seções e corredores exclusivos ganharem destaque nos estabelecimentos do gênero, atraindo tutores de pet com linhas premium. Os apelos compreendem também promoções e descontos periódicos específicos e ações para os públicos interno e externo.
O mote é engajar com iniciativas que vão desde feiras de adoção, campanhas de vacinação, conscientização sobre cuidados com animais, até doação de alimentos a abrigos que acolhem essa população, especialmente cães e gatos. O empenho é justificado por fatos concretos. A projeção de faturamento desse mercado para 2025 é de R$ 78 bilhões, 3,5% maior que os R$ 75,4 bilhões registrados em 2024.
Redes de supermercados no mercado pet valorizam marcas próprias
A imersão de redes de supermercados no mercado pet despertou a atenção da Coop. Sediada em Santo André (SP), a varejista opera com marca própria de produtos para animais de estimação e segue ampliando o catálogo de itens para o setor nas 33 lojas da rede, todas no estado de São Paulo. O objetivo é ganhar robustez para disputar mais espaço em um concorrido mercado que não para de crescer.
A gerente de categoria Eliete Cavalcanti assinala que uma das ações mais eficazes é o Festival Pet, que aconteceu entre 31 de julho e 10 de agosto. Antes realizado duas vezes ao ano, a bem-sucedida iniciativa levou o grupo a promovê-lo três vezes ao ano. “Queremos ter de volta esses consumidores que as grandes varejistas pet estão nos roubando”, revela.
Revista trimestral focada em conteúdo pet
A marca ainda produz trimestralmente uma revista exclusivamente com conteúdo pet, distribuída em todas as lojas. A mais recente edição ajudou a elevar as vendas da seção pet em 50% no período do festival. Feiras de adoção são outro estímulo ao engajamento de clientes. Realizada em espaços amplos no entorno das lojas, distribui brindes e kits temáticos a quem se dispõe a levar um filhote para casa.
Ações de endomarketing acompanham a estratégia da marca. Este ano, um e-mail solicitou aos colaboradores/tutores que informassem o nome dos respectivos pets. Dias antes do início do festival, os funcionários receberam uma plaquinha com o nome dos pets impresso. “Fazemos essa divulgação interna para valorização da marca junto à nossa equipe”, afirma.
A campanha de difusão do evento também tem a colaboração de parceiros da rede. Um deles providenciou a presença de um personagem do mundo pet que circulou pelos corredores das lojas e andares da sede industrial da Coop, em Santo André. As outras unidades estão localizadas em Sorocaba, São José dos Campos, Piracicaba, Capuava e Ribeirão Pires. A Coop ocupa a 29ª posição no ranking da Associação Brasileira de Supermercados (Abras).
Impulso no portfólio
Com 300 itens ativos da categoria pet, a Coop pretende elevar esse número a 500 SKUs no prazo de dois anos. Segundo Eliete, um dos principais focos é a ração seca, produto com maior demanda e para o qual a divulgação tem sido feita através de tabloides especiais com explicações detalhadas sobre tipos, ingredientes e composição. “Às vezes, o consumidor opta por um produto mais barato por não saber qual o diferencial em relação a outro com preço mais elevado”, explica.
A linha de brinquedos que, até o ano passado, era modesta em sortimentos, foi incrementada este ano, com mais artigos para treinamento e diversão dos animais de estimação. “Fizemos um investimento significativo nesses itens, com um retorno expressivo”, conta Eliete. A parte de higiene e de sachês úmidos também está sendo ampliada em relação a quantidade de itens. O faturamento do segmento pet em 2024 ficou em torno de R$ 19 milhões. A projeção para 2025 é de uma elevação de até 20%.
Segmento pet é estratégico para Grupo TriMais
O grupo TriMais, que opera três unidades na zona Norte da capital paulista, vê o segmento pet como estratégico ao varejo alimentar porque garante fluxo contínuo e regular de vendas. Itens como ração, areia higiênica e petiscos têm giro elevado e estimulam maior frequência de visita às lojas. “O cliente quer praticidade para resolver em um único lugar todas as necessidades da casa, inclusive as do animal de estimação”, diz Bruno Solino, executivo de trade marketing do grupo.
Para Solino, o diferencial está na forma como o supermercado organiza a experiência de compra. Ele argumenta que não se trata apenas de vender ração, mas de oferecer um setor estruturado, com variedade, qualidade e preço competitivo, com espaço para produtos premium, de maior valor agregado, o que amplia o ticket médio. “A seção pet fortalecida torna a jornada de compra mais completa e isso gera fidelização. O consumidor associa a marca à confiança”, diz.
O portfólio do segmento pet no grupo conta hoje com 526 SKUs, número que vem se ampliando ano a ano, com o feedback de clientes que dão sugestões, fundamentais, segundo Solino, para a evolução da seção. “Estamos sempre atentos a essas vozes para ajustar o mix e trazer novidades que façam diferença na vida dos tutores e de seus pets”, explica. O setor já representa mais de 1% do faturamento do grupo, com crescimento consistente.
Concorrência saudável com varejo pet especializado
O TriMais vem se engajando em iniciativas direcionadas a esse nicho. Em julho último promoveu uma ação de adoção no TriMais Place (Tucuruvi), em parceria com o movimento Cadeia para Maus Tratos e com a participação de ONGs locais. Além de estimular a adoção responsável, incentivou a doação de rações e produtos para pets. Ali também 100 doses de vacina antirrábica foram aplicadas com a presença dos personagens da Patrulha Canina.
Ele acrescenta que a concorrência de pet shops e e-commerces especializados impulsiona os supermercados a investir em variedade e novos produtos. “É preciso estar atento às novas demandas da sociedade e adaptar o varejo. Ao integrar conveniência, diversificação e relacionamento, queremos fortalecer a competitividade e ampliar nossa participação em um mercado cada vez mais dinâmico”, finaliza.
APAS: Diversificação de canais de compra abre espaço para todos
A Associação Paulista de Supermercados (APAS) acompanha de perto o crescimento do mercado pet, apoiando a diversificação dessa categoria de produtos nas redes associadas. Felipe Queiroz, economista-chefe da APAS, citou pesquisa feita em parceria com a Scanntech que apontou que clientes “pais de pet” tendem a consumir até 40% a mais nesses pontos de venda. “Não é apenas ração, mas brinquedos e itens de cuidados para animais de estimação”, diz.
Segundo Queiroz, o setor supermercadista tem um concorrente direto que são as lojas especializadas em pets. “Mas não é uma concorrência de soma zero, onde se um ganha, outro perde. O que temos observado é que os consumidores têm diversificado seus canais de compra de produtos voltados a animais de companhia”, conclui.
Varejo pet entra na mira do Cade
Cade pede estudo econômico sobre a fusão Petz-Cobasi, que divide opiniões no setor pet. Especialistas apontam riscos de concentração e impacto em pequenos negócios, enquanto gigantes defendem ganhos.
Exclusivo: Petz intensifica uso de IA para prevenir perdas
IA e IoT transformam o varejo pet, reduzindo perdas, prevenindo fraudes e personalizando ofertas. Petz usa algoritmos e sensores para eficiência, segurança e melhor experiência do cliente.
Estudo aponta avanços no uso da Cannabis sativa em pets
Estudo publicado na Pubvet mostra benefícios do uso de Cannabis sativa em cães e gatos, com eficácia no tratamento de doenças e manejo da dor, reforçando avanços na veterinária.
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