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Juliana Gil

Comportamento e etiqueta canina: para cães ou humanos?

Escrito por Dra. Juliana Gil

30 NOV 2022 - 09H58 (Atualizada em 30 NOV 2022 - 10H19)

Os cães são nossos companheiros há muito tempo, mas nos últimos anos essa relação tornou-se mais intensa e um pouco mais complexa. Basta dar uma volta em qualquer parque ou mesmo shoppings e veremos inúmeras famílias com seus pets. Em alguns casos, passeios e interações sociais tranquilos, já em outros conflitos e discussões.

No Brasil, eles invadiram nossa vida social nos últimos anos e essa mudança pôde contribuir para melhorar a qualidade das relações sociais entre humanos e cachorros. E para de fato o impacto ser positivo isso precisa ocorrer de forma responsável: com conhecimento verídico sobre emoções e comportamento canino.

Nos locais públicos comumente vemos cenas perigosas: cães soltos que correm e perseguem outros cães e humanos, muitas vezes se envolvendo em brigas. E outros que ao serem abordados por estranhos rosnam e as vezes até mordem. Tendemos a eleger sempre o lado positivo e por isso muitas vezes ignoramos essas situações conflitantes. Em todas as situações citadas acima, os tutores diriam que o cão está bem, ou que ele nunca ou raramente tem esse comportamento. Mas será?

Alguns pontos dificultam a melhora desses cenários e a primeira delas é a falta de conhecimento sobre comportamento e emoções caninas. Cães inseguros podem precisar de um pouco mais de informações e abordar de forma inadequada pessoas e animais. O medo pode fazer parte desse cenário e piorar para ambos os lados a comunicação, terminando em brigas e agressões. Importante dizer que cães seguros também podem agir de forma inadequada: por falta de sociabilização e por situações anteriores de interações sociais inadequadas.

Outro problema comum em nosso país são os toques físicos. Quando gostamos tocamos e abraçamos. Tocar outro individuo deveria ocorrer somente quando ele expressasse esse desejo, através da linguagem corporal, por exemplo. Diferente das mensagens do cinema e da mídia em geral, muitos cães não apreciam esse contato físico íntimo e podem reagir negativamente a ele. Cachorros apreciam o toque físico de forma diferente de nós humanos, e na maior parte das vezes oriundos de pessoas ou animais conhecidos ou próximos. Além disso, a intensidade, a localização e a frequência desse contato são diferentes. Focados em diminuir os conflitos, devemos respeitar cada um como indivíduo, que pode aceitar ou não o carinho e que darão preferência aos seus amigos mais íntimos.

Em todas as situações citadas a responsabilidade nunca deveria ser do cão. Os tutores precisam assumir e procurar informações sobre comportamento canino e suas emoções, bem como preparar tecnicamente seus “filhos caninos” a lidarem com os desafios que irão ocorrer na vida social de sua família. E os profissionais devem estar preparados para oferecer essas informações e serviços nesse sentido.

Podemos tomar como exemplo outros locais. Em alguns países da Europa os cães frequentam os espaços públicos há muito tempo. Nesses lugares leis e regras foram criadas para lidar com as situações conflitantes, de forma geral responsabilizando legalmente seus tutores e incentivando a educação dos animais. As informações sobre educação canina são amplas e a maioria dos cães frequenta classes coletivas de educação sendo preparados para as situações sociais com outros cães e humanos.

Esse seria o caminho desejável no Brasil. Garantiria a longo prazo a permanência dos cães no espaço público e favoreceria o mercado pet. É preciso compreender que dedicar tempo para aprender sobre comportamento e emoções no cão é extremamente positivo todos, pois garantiria relações respeitosas e diminuiria os conflitos de convivência. Os profissionais do mercado pet precisam ser fluentes em ler e compreender cães, preparados para sanar essas demandas, sempre de forma técnica e respeitosa.

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Por Dra. Juliana Gil, em Juliana Gil

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